Abrange uma área do conhecimento que é responsável pelo estudo do Sistema Nervoso desde o funcionamento neuronal ao comportamento, de forma a abordar a compreensão dos mecanismos que regulam o controlo das reações nervosas e do comportamento cerebral.
Realiza pesquisas sobre o funcionamento do sistema nervoso quando há doenças psiquiátricas ou distúrbios neurológicos.
População mais afetada: meninos (homens)
O que é?
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma patologia neuromuscular hereditária ligada ao cromossomo X, causada por um defeito no gene que codifica a produção da proteína distrofina, essencial para o adequado funcionamento muscular [1]. Devido ao seu padrão de herança, a DMD afeta principalmente o sexo masculino, com uma incidência de 1/3.500-6.000 nascimentos do sexo masculino [2, 3].
Quais são os sintomas?
Os primeiros sinais e sintomas da DMD aparecem por volta dos 3 a 5 anos de idade. Pacientes com DMD apresentam deterioração muscular progressiva, gerando dificuldade na capacidade de andar (deambulação), cãibras musculares, fadiga e insuficiência pulmonar e cardíaca, resultando em redução da expectativa de vida [1, 5, 6, 7, 8].
A ausência de tratamento se traduz em perda da deambulação precoce, entre 11 e 12 anos, [1-3] o que leva à necessidade de equipamentos adaptados ou de auxílio para a realização das atividades básicas do cotidiano [5].
Historicamente, a expectativa de vida dos pacientes com DMD é de 20 anos, dadas as complicações que podem ocorrer na musculatura pulmonar e cardíaca, que se traduzem em desfechos fatais [7].
Como é feito o diagnóstico?
Para diagnosticar DMD, os sintomas e sinais em pacientes devem ser correlacionados com os resultados dos seguintes testes [1]:
- Medição dos níveis séricos de enzimas musculares (creatina fosfoquinase)
- Testes genéticos, como MLPA (Multiple Ligand Dependent Probe Amplification) ou microarranjo cromossômico
- Biópsia muscular, nos casos em que o teste genético é inconclusivo
É essencial que a abordagem diagnóstica seja sempre realizada por profissionais médicos especializados.
Quais são os tratamentos?
O tratamento adequado da DMD requer um grupo multidisciplinar para manter a qualidade de vida do paciente, fornecer suporte sintomático e tratar possíveis complicações [1, 2].
Os avanços no tratamento da DMD têm sido importantes e resultaram em uma melhora acentuada na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes [1-4]. A terapia padrão da DMD inclui o tratamento com corticosteroides para controlar as complicações da doença, porém não resolve o defeito genético.
Nos últimos anos, surgiram novas terapias cujo objetivo é oferecer um tratamento específico para a mutação genética; são baseadas na utilização de oligonucleotídeos complementares a uma sequência específica do gene, permitindo que a mutação seja omitida e assim aumentando a distrofina; impactam positivamente a deambulação e a função pulmonar, sendo para esses pacientes uma alternativa para modificar o desfecho natural da doença [1,5].
Referências
[1] Yiu EM, Kornberg AJ. Duchenne muscular dystrophy. J Paediatr Child Health. 2015 Aug;51(8):759-64.[2] Ortez C, Natera de Benito D, Carrera García L, Expósito J, Nolasco G, Nascimento A. [Advances in the treatment of Duchenne muscular dystrophy]. Medicina (B Aires). 2019;79 Suppl 3:77-81. Review. Spanish.[3] Orpha.net. Portal de informações sobre doenças raras e medicamentos órfãos. (5 de novembro de 2019). Distrofia muscular de Duchenne. Disponível em: https://www.orpha.net/consor/www/cgi-bin/OC_Exp.php?lng=ES&Expert=98896[4] Eagle M, Bourke J, Bullock R et al. Managing Duchenne muscular dystrophy – the additive effect of spinal surgery and home nocturnal ventilation in improving survival. Neuromuscul. Disord. 2007; 17: 470–475.[5] Kole R, Kramer AR, Altman S. RNA therapeutics: beyond RNA interference and antisense oligonudeotides Nat Rev Drug Discov. 2012;11(2):125-140. doi:10.1038/nrd3625[6] Bimkrant DJ. Bushby K. Bann CM. et al. Diagnosis and management of Duchenne muscular dystrophy, part 1: diagnosis, and neuromuscular, rehabilitation. endocrine. And gastrointestinal and nutritional management Lancet Neurol. 2018;17(3):251-267[7] Emery A. Muntom F. Quinilivan R Duchenne Muscular Dystrophy. 4th ed. Oxford. England: Oxford University Press; 2015[8] Aartsma-Rus A.van Deutekom JCT. Fokkema IF. van Ommen G-JB. Den Dunnen JT. Entries m the Leiden Duchenne muscular dystrophy mutation database: an Overview of mutation types and paradoxical cases that confirm the reading-frame rule Muscle Nerve. 2006:34(2); 135-144.Idades mais afetadas: Bebês
O que são?
São doenças metabólicas hereditárias (recessivas ou ligadas ao cromossomo X) derivadas de uma anormalidade, qualitativa ou quantitativa, de uma das seis enzimas que participam da síntese da ureia. Causando uma crise hiperamonêmica com risco de vida [1].
Por que ocorre a hiperamonemia?
O nitrogênio é um resíduo proveniente da ingestão de proteínas e deve ser excretado do corpo como uréia presente na urina. A excreção inadequada de nitrogênio causa um acúmulo de amônia, em níveis tóxicos para o organismo, denominada hiperamonemia, que apresenta risco de vida [1]. Os sobreviventes da descompensação metabólica frequentemente sofrem de sequelas neurológicas graves relacionadas ao acúmulo de amônia no cérebro. O diagnóstico precoce é crucial para o prognóstico do paciente, uma vez que a terapia medicamentosa permite manter os níveis normais de amônia [2].
Quais são os sintomas?
Em defeitos enzimáticos graves, os sintomas aparecem nas primeiras 24 a 48 horas de vida. Os recém-nascidos após a amamentação experimentam sonolência, mudanças na temperatura, diminuição da ingestão seguida de vômitos, letargia e coma. Portanto, pode ser facilmente confundida com sepse, porém, quando não são encontrados sinais de infecção, deve-se suspeitar e descartar um distúrbio metabólico. Aproximadamente 50% dos recém-nascidos com hiperamonemia apresentam convulsões [2].
Para ter em conta
A forma de apresentação da doença de início neonatal é a mais frequente por apresentar grave deficiência enzimática, correspondendo a 60% dos casos; o déficit mais frequente é o de ornitina transcarbamilase (OTC).
Referências
[1] Carretero, M.C. Fenilbutirato de Sodio. Offarm. Elseiver. Vol 23. Num. 10 pag 132 134. Nov. 2004.[2] Leandro R Soria, Nicholas Ah Mew, Nicola Brunetti-Pierri, Progress and challenges in development of new therapies for urea cycle disorders, Human Molecular Genetics, Volume 28, Issue R1, October 2019, Pages R42–R48, https://doi.org/10.1093/hmg/ddz140[3] Human Molecular Genetics, Volume 28, Issue R1, October 2019, Pages R42–R48, https://doi.org/10.1093/hmg/ddz140[4] Kibleur Y, Dobbelaere D, Barth M, et al. Resuls from a Nationwide Cohort Temporary Utilization Authorization (ATU) Survey of Patients in France Treated with Pheburane (Sodium Phenylbutyrate) Taste-Masked Granules. Pediatric Drugs 2014; 16(5): 407-415.Idades mais afetadas: a maioria dos casos ocorre entre os 5 e os 35 anos. 3% podem ocorrer além da quarta década de vida.
O que é?
A doença de Wilson é uma doença hereditária que se caracteriza por uma excreção biliar deficiente de cobre, produzindo seu acúmulo no fígado, cérebro (núcleos basais) e córnea, principalmente, o que dá origem a uma apresentação clínica múltipla.
É causada por mutações no gene ATP7B do cromossomo 13, que codifica um transportador de cobre do tipo B localizado na rede trans-Golgi dos hepatócitos, por meio de herança autossômica recessiva.
A doença de Wilson não é apenas uma doença de crianças ou adultos jovens, ela pode ocorrer em qualquer idade. A prevalência da doença é de 1 em cada 30.000 indivíduos. A maioria dos casos ocorre entre as idades de 5 e 35 anos. 3% podem ocorrer após a quarta década.
Sintomas
A apresentação pode variar muito de paciente para paciente, desde sintomas neurológicos e hepáticos até psiquiátricos, mas uma grande proporção apresenta um sinal clínico denominado sinal de Kayser Fleischer, que, embora não seja patognomônico, ajuda a suspeitar da doença de Wilson.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico requer a soma de vários sinais e sintomas, além de achados paraclínicos, que dariam um score suficiente para descartar ou confirmar a doença; este score é conhecido como Critérios de Leipzig.